segunda-feira, 29 de junho de 2009

Aos céus, mais um presente

Não quero deixar a morte de um rei passar em brancas nuvens.

Rei do pop, rei na venda de discos, isso não importa. Michael foi majestoso em toda sua carreira. A cada nova coreografia, a cada clipe, a cada nota cantada com a voz mais linda que já se ouviu, sempre se mostrou inigualável.

Também não vou aqui fazer comparações a outros reis, nem dizer que ainda podem surgir outros iguais ou melhores, como fez Alexandre Pires no afã de demonstrar seu sentimento por Michael, após uma apresentação de pouca qualidade no Domingão 'Cansadão': "Como Elvis temos aí o Altemar Dutra, Agnaldo Timóteo, o Emílio Santiago, mas como Michael, ninguém!". Creio que as palavras não foram exatamente estas, mas os nomes que citou foram estes mesmos. De Agnaldo Timóteo não sou admiradora, mas de Altemar Dutra e Emílio Santiago sou grande fã e os considero donos de vozes e talentos extraordinários. Mas compará-los a Elvis Presley? Talvez fosse melhor ter ficado quieto ou se ater apenas ao fato de que Michael é único, insubstituível. Assim como Altemar, Emílio, Elvis, Sinatra, Cartola, Miltinho, Ray Charles. Minha lista iria longe demais, se fosse enumerar os nomes que considero também insubstituíveis na música.

Enfim, quero deixar registrado neste espaço a minha profunda admiração pelo artista incrível que Michael Jackson foi. Igual a ele, jamais. Melhor, impossível!

Gênio, gênio, gênio!

Também saiu da vida e entrou para a História.

Salve Michael!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

(Sem título)

E se realmente tudo findou
Como ando crendo sem querer
Com meu pequeno orgulho
Mas com toda certeza, devo dizer
Pode crer
Quem vai perder mais
Por tudo
Vai ser você.

Silêncio

Sem se dar conta do que significa pra mim
Não sei, mas quis sair da minha vida
De repente ficou assim:
Um telefone mudo
Um coração chorando

Me pus a praguejar, blasfemar
Maldizer o que fiz, o que falei
Cada passo que dei
Tudo
Não sei

Se queria sair da minha vida
Era só dizer
Se não queria
Sei que nada mudaria
Como até agora não mudou
O choro ainda não estancou
O telefone não tocou.

Tenho tentado sentir menos
Tenho pedido a mim tempo
Não quero ficar ao relento
Relembrando os dias
As noites frias
Nosso calor

Sem mais, quis sair da minha vida
Sem menos, não conseguiu
Mas se não queria
Digo que tudo reconsideraria
Curava o amor que feriu
E mais e mais ainda amaria.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Dias depois do meu aniversário

Na minha memória
uma manhã de Abril
12, dia par
companhia ímpar
Hyldon, "As dores do mundo"
me senti dona de tudo
e sabia que não era o fim
à noite, tudo de novo, perfeito assim.

Delícia

sem amargura
minha melhor rapadura
delícia, foi você

Chocolate

Estou tentando não ser tão relapsa
Não te esquecer num instante
Antes que os sentidos entrem em colapso
Inda lembro de relance

Aquela noite de filme
Na minha regata amarela
Com chocolate se deu o crime
Uma mancha ficou nela

Lavar não adiantou
E mais que na regata
Na memória o chocolate fixou
O nó que o tempo não desata

Nenhum retrato tiramos
"Nós dois" só existe na lembrança
Esses últimos dois anos
São o que levo de herança

Desse meu amor maluco
O que sobra sou eu e você
Um longe do outro machuca
Agora, o que vai ser?

Você está em mim feito chancela
Não quero esquecer seus "ais"
Mas a regata amarela
Não quero mais.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Hai-Kai

olhos cheios de chuva
dia nublado
garoa, tempestade

Suave coisa nenhuma

Há tempos quero escrever sobre o Amor, mas sempre que começava, desistia por achar o tema tão complexo quanto a minha relação com o próprio e com o sexo oposto.
Depois de pensar muito se acreditava ou não, se já o havia sentido ou pelo menos passado por ele na rua - talvez na forma de alguém como o... Wagner Moura ou o Bruno Garcia - resolvi me informar mais e reavaliar velhos conceitos.
Procurava uma nova reflexão, alguém que me explicasse com propriedade.
Incumbi-me de ler "O Banquete", Platão, no qual Sócrates faz um belíssimo discurso sobre o Amor, nos fazendo crer que este nada mais é que uma necessidade. Necessidade do que não nos pertence. Claro, pensando logicamente, porque o que já temos, não precisamos nem desejamos. Usando uma explicação do próprio Sócrates, posso tentar resumir a idéia principal do que ele diz. Creio eu que já somos ensinados, desde sempre, que o Amor só há naquilo que é bom e belo, certo? Então, segundo ele, se o Amor precisa do bom e do belo para existir, significa que não os tem. O que quero dizer é que passamos toda a nossa vida procurando em outra pessoa aquilo que nos falta, o que achamos que irá nos completar. E isso, além de nunca ter fim, ainda me dá nó nos pensamentos.
Mas depois de reler muitas vezes o que Sócrates falou, voltei algumas páginas e cheguei a Aristófanes. Em seu discurso, super bem-humorado, ele diz que nós, seres humanos, tínhamos quatro braços, quatro pernas, dois rostos, dois sexos. E quando estes seres voltaram-se contra os deuses, Zeus os castigou cortando-os ao meio e fazendo de um, dois. Desde então, nos foi imposta a condição de procurarmos nossa outra metade por todo o sempre. E se esta morre ou se perde nós, procuramos outra e outra e outra.
Ainda preciso ler, estudar muito e, principalmente, viver para chegar a uma conclusão. Mas por enquanto gosto de acreditar que o que procuramos, o que desejamos, não é necessariamente nossa metade. Talvez seja a companhia para um oitavo da pizza do sábado à noite, um terço do saco de pipoca, ou até a metade, vai... mas do sofá, quando deitamos juntos pra ver um filme antes de dormir.
E se até Afrodite, deusa poderosa, teve inúmeros amores, inúmeras metades... por quê não nós?
O test-drive serve pra quê?



Em verdade vos digo: Não exijo um George Clooney, mas um frio na barriga...

Hai-Kai

luz fluorescente
no quarto claro
penso fluente

Lembrança da Rua

Solidão na Rua
Rua Augusta
Cinema, café
Alma nua
Vida crua
Sozinha, cai na dança
Passa hora
Vem hora
Passa senhora
Vem pra dança
Cai no samba
Mulher da rua
Que fica nua
Tem vida crua
Cinema, café
Passa hora
Carro e senhora
Sozinha, sozinha
Nem conhece a vizinha
Só a Rua
Cinema, café
E fica nua
Na vida sua
Sua alma crua
Espera na rua
Na rua crua
Nua.

Meu quintal

Flor-de-maio em junho
Onze-horas ao meio-dia
Manacá florido todo o tempo
O caju resiste, brota
O flamboyant desfolha

Umas temporonas
Outras no seu tempo
Mas todas têm seu momento
De florescer
E eu espero paciente
Meu grande dia amanhecer.

No espelho

Difícil explicar
por que quando deságuo
custa parar
tendo dentro dos olhos
a angústia de ser
simplesmente ser.
E por que quando desfolho
custa brotar
tendo dentro do peito
medo de recomeçar.

Auto - relato

Gabriela
À procura dela
Lá vai ela
Vai na contra-mão
Com a Santa dela
Cecília bela
E São Francisco vai com ela
À procura dela
Lá vai ela
Vai com Clara e Cartola
Ogum, Nossa Senhora
E chora, como chora
Anda à cavalo e a pé
Vai aprender umbanda e candomblé
Sempre com tempo pro café
Acende incenso
Flor de laranjeira
Às vezes perde o bom senso
Pega carona na rabeira
Vai e vem como onda
Mas sempre sonda
A Gabriela
Vai à procura dela
Vai de busão e metrô
De São Paulo a Batatais
Seu cais
Tem pai, mãe
Irmão, irmã
Sobrinho, cachorro
Vida de peixe
Mergulhada em sonho
Mas olha lá
Na contra-mão
Ela mais ela
À procura dela
Da Gabriela.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Vão

Sem minha permissão
o tempo passa
você não.
Nosso ponto de encontro
mais que passado.
E este passado fica
tão presente
quando (te) quero
ausente.
Esquecer, impossível
tudo é fato
crível.
Fácil ver em mim
um pedaço seu.
Duro aceitar
que nunca foi meu.

Hai-Kai

um nó
angústia
sem dó

Dias depois do seu aniversário

Um dia um ponto
Sua rua uma subida
Cansaço
Um abraço uma bebida
Mil beijos um sonho
Sono
Um bom-dia uma descida.
Outro dia mesmo ponto
Mesma subida sem abraço
Só cansaço
Rua sem saída?
Não, sua ausência
Eu, perdida.