terça-feira, 24 de novembro de 2009

Pelas tabelas!

Vou me repetir um pouco... mas são coisas que ficam fervendo na cabeça e preciso escrever.


Este ano posso dizer que acompanhei um campeonato de futebol.
Nunca fui muito interessada pelo assunto, mas fui infectada pelo vírus que, dentre outros males, me faz sentar diante da televisão por 90 minutos e torcer por um time, acompanhar tabelas e programas cheios de comentários chulos.
Agora, faço um balanço do que vi além dos campos, dos passes, escanteios, impedimentos e gols.
Fiquei especialmente desencantada quando assisti a uma entrevista de Sócrates, ex-jogador do Corinthians, na qual foi questionado sobre a mudança que houve no futebol. É notável que já não há jogadores apaixonados pela camisa, e sim pelos contratos milionários. Isso faz com que troquem de time como trocam de cuecas. O que não vemos é a quantidade exorbitante de dinheiro desviado nessas transações mafiosas. O que fica, de fato, para o time que vendeu é muito pouco em relação ao que fica nas mãos dos atravessadores. Tanto que alguns clubes brasileiros fizeram, este ano, festas para seus torcedores mais afoturnados para, digamos, “arrecadar fundos”.
Mas a grande furada do futebol de 2009 foi a divulgação do escândalo europeu. 200 jogos, alguns dos campeonatos mais importantes do mundo, tiveram seus resultados manipulados e beneficiaram apostadores com cerca de dois bilhões de euros.
Por todas essas falcatruas e por me dar conta, há muito tempo, de como o ser humano pode ser ignorante e a tal ponto corrompido, começo a acreditar que nem as Olimpíadas de 2016 escaparão de uma situação dessas. Quem garante que todo o dinheiro disposto para tais gastos será efetivamente revertido para esse fim?
Chego a concordar com Juca Kfouri, colunista esportivo da Folha de São Paulo, que torceu para que o Rio de Janeiro não fosse escolhido como sede dos jogos.
Como um país que não oferece patrocínio e estrutura para seus próprios atletas pode oferecer seu espaço e seu dinheiro para um evento dessa magnitude? Como uma cidade que vive em guerra civil constante pode proteger as milhões de pessoas que virão para acompanhar os jogos? Se há como montar um forte esquema de segurança para o evento, porque não proteger, agora, os moradores da cidade? Enfim, esse já é outro assunto.

Mas, para todos os fins, vou recorrer aos bancos do Céu. É, pois Deus também é um grande patrocinador do esporte mundial. Segundo Caroline Celico, esposa do bom moço-garoto propaganda-jogador Kaká, “(...) O dinheiro do mundo tem que tá em algum lugar. E Deus colocou esse dinheiro na mão de quem? Do Real Madrid, pra contratar o Kaká. (...)”. Essa pérola está no youtube, para quem quiser ver.

Minha estréia como torcedora foi assim, um tanto decepcionante.
Vou continuar assistindo aos jogos e acompanhando as tabelas. Mas já sei que nem tudo que vejo é verdade, que aquele pênalti pode ter sido armado. Hoje, é difícil crer em tudo e todos, assim como é difícil fazer um gol olímpico.

Educação: bem durável ou descartável?

Não vou aqui, hoje, questionar o sistema de ensino, os milhões gastos, os desviados, e nem falar mal dos nossos hábeis governantes – embora tenha dúvidas sobre tais habilidades.
Mas, vou falar de educação. Sim, daqueles bons modos que nos foram ensinados em casa. Dos limites, direitos, deveres, das conseqüências de nossos atos, perante outro cidadão, igual a nós. É claro que as gêmeas, boa e má educação, andam de mãos dadas desde os primórdios da sociedade. O que tem me chamado a atenção é a falta de civilidade, é a vitória arrasadora da gêmea má.

Quero dividir uma reflexão.
No início dos anos 1960, mais precisamente em dezembro de 1961, em Niterói, RJ, houve uma grande tragédia. Um incêndio matou mais de 500 pessoas no circo “Gran Circus Norte-Americano”. Um homem, José Datrino, homenageou as vítimas plantando ali um jardim, onde morou por um tempo e se dedicou a confortar as famílias. Depois resolveu espalhar pelo país sua bondade e o real sentido de ser gentil. Surgia o Profeta Gentileza. Sua obra é, até hoje, muito importante para a cultura popular brasileira, sendo lembrada em canções como “Gentileza”, de Marisa Monte, e em ações sociais como “Gentileza gera gentileza”.
Não sei, na verdade, o quanto seus ensinamentos fizeram diferença na vida das pessoas que, desde muito antes, se veem inundadas pela tsunami do capitalismo e pela falta de tempo para um ‘obrigado’ ou ‘por favor’. Hoje, as cifras são mais bem vistas pela maioria dos olhos.
Não proponho que nos tornemos profetas ou que tenhamos a mesma atitude de Gentileza, afinal, essa grandeza, esse dom, não é para qualquer ser humano. Porém, gentileza gera gentileza.
Damos passagem ao pedestre ou a outro automóvel? Cedemos nosso lugar no ônibus, no metrô, na fila do banco? Um bom dia, boa tarde ou boa noite? Pedimos por favor, ou licença? Agradecemos?
Como disse Lenine, cantor pernambucano: “Gentileza é fundamental. Todo mundo tem direito à vida / Todo mundo tem direito igual”.
Ainda espero o dia em que a boa educação será a última tendência da moda, um bem valioso e atemporal, o qual todas as gerações desejarão possuir e exibir em todas as rodas sociais. A gêmea má será aquele jeans desbotado e puído no fundo da última gaveta.
Se após a reflexão percebermos que a mudança é inevitável, o que já é um ótimo começo, proponho um exercício prático. Mas não se assustem, não são abdominais, corrida ou qualquer outro esforço físico. É um exercício civil que ajudará tanto ou mais, a melhorar nossa qualidade de vida. Na rua, na padaria, no mercado, no quintal.
Olá, tudo bem, por favor, obrigado, até mais, tchau. Afinal, “todo mundo tem direito igual”

Quem quiser saber mais sobre o Profeta Gentileza, acesse: www.gentileza.net. Difunda essa idéia!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Para não passar setembro...

... em brancas nuvens...

Setembro foi um mês de redescobertas e, dentre tantas, a mais importante para mim tem a ver com a capacidade de andar para frente. Não, não estou falando biologicamente, da evolução do homem, nem nada disso, mas que me redescobri andando para o futuro, vivendo o presente. Agora tenho consciência das minhas lembranças e estou me desprendendo delas. Enfim, aprendendo a conviver com o passado e não querer revivê-lo.
A saudade é dura, cruel, mas vai se tornando amiga, fiel companheira de caminhada, até se tornar... digamos... redundante. Assim como pessoas se tornam redundantes em nossas vidas e, como tais, devemos deixá-las de lado, até encontrarmos novo lugar para elas.

Bom, isso tudo parece bem confuso, mas faz todo sentido. Encontrar nosso lugar no mundo exige todos os nossos sentidos, literalmente, e em meio aos percalços e impropérios com os quais nos deparamos, vamos descobrindo quem realmente somos.
E não quero desanimá-los, mas essa busca não acaba, não, viu! Se findasse, não teríamos mais motivos para continuar caminhando.

Então, o que está fazendo parado aí na frente do computador?
Vai caminhar!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Out of reach

Gabrielle

Ouvi essa canção em 'O diário de Bridget Jones', e a escrevo nesse espaço por gostar da voz da minha xará, da melodia e por fazer parte deste filme tão real pra mim... pois me vejo assim aos 30... sozinha, como agora aos 25, desiludida com o tal do amor - no qual já não sei mais se acredito, e só fazendo cagadas com os homens que são perfeitos pra mim, como faço agora, também, sempre chegando à conclusão que "we were never meant to be". Só preciso ver que "there's a life out there for me".



Knew the signs
Wasn't right
I was stupid for a while
Swept away by you
And now I feel like a fool

So confused,
My heart's bruised
Was I ever loved by you?

Out of reach, so far
I never had your heart
Out of reach,
Couldn't see
We were never meant to be

Catch myself
From despair
I could drown
If I stay here
Keeping busy everyday
I know I will be OK

But I was
So confused
My heart's bruised
Was I ever loved by you?

Out of reach, so far
I never had your heart
Out of reach
Couldn't see
We were never
Meant to be

So much hurt
So much pain
Takes a while
To regain
What is lost inside
And I hope that in time,
You'll be out of my mind
And I'll be over you

But now I'm
So confused,
My heart's bruised
Was I ever loved by you?

Out of reach,
So far
I never had your heart
Out of reach,
Couldn't see
We were never
Meant to be

Out of reach,
So far
You never gave your heart
In my reach, I can see
There's a life out there
For me

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Procissão

Gilberto Gil


Olha lá vai passando a procissão
Se arrastando que nem cobra pelo chão
As pessoas que nela vão passando
Acreditam nas coisas lá do céu
As mulheres cantando tiram versos
Os homens escutando tiram o chapéu
Eles vivem penando aqui na terra
Esperando o que Jesus prometeu

E Jesus prometeu vida melhor
Pra quem vive nesse mundo sem amor
Só depois de entregar o corpo ao chão
Só depois de morrer neste sertão
Eu também tô do lado de Jesus
Só que acho que ele se esqueceu
De dizer que na terra a gente tem
De arranjar um jeitinho pra viver

Muita gente se arvora a ser Deus
E promete tanta coisa pro sertão
Que vai dar um vestido pra Maria
E promete um roçado pro João
Entra ano, sai ano, e nada vem
Meu sertão continua ao deus-dará
Mas se existe Jesus no firmament
oCá na terra isto tem que se acabar

Todo mundo é lobo por dentro (Petulante)

Oswaldo Montenegro

Você me disse que eu sou petulante, né?
acho que sou sim, viu?
como a água que desce a cachoeira e não pergunta se pode passar
você me disse que meu olho é duro como faca
acho que é sim, viu?
como é duro o tronco da mangueira
onde você precisa se encostar
você me disse que eu destruo sempre a sua mais romântica ilusão
e destruo sempre com minha palavra
o que me incomodou
acho que é sim
como fere e faz barulho o bicho que se machucou,viu?
como fere e faz barulho o bicho que se machucou,viu?

sábado, 8 de agosto de 2009

(Sem título)

Como pude ser tão tola?
Onde estava com a cabeça?
Troquei o leve pelo pesado
um amor por um fado
me preguei uma peça
fui com muita pressa
de sentir o inesperado.

Sinto falta do carinho
da companhia certa
de estar no banco do carona
de conversar e conversar
sem ver o tempo passar
e de repente se dar conta:
"tenho que ir"
"não vai, não"
e ficar mais um pouco
um muito.

Mais um beijo
um colo
querendo e não querendo
ver a hora no relógio.

Troquei sensatez
por estupidez.

E agora o que faço com esse sentimento?
Esse mal, esse tormento
o arrependimento.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Por Dios!!

Não sei se leram a Folha de S. Paulo do último dia 17, mas na coluna da Mônica Bergamo, do caderno Ilustrada havia uma prova de que Deus- sim, o Todo Poderoso, é um cartola do futebol europeu.
Podem acreditar.
A jovem esposa do jogador Kaká, Caroline Celico, no dia 21 de junho, deu um testemunho como pastora da Igreja Renascer em Cristo, na Flórida, e disse, entre outras pérolas: "(...) O dinheiro do mundo tem que tá em algum lugar. E Deus colocou esse dinheiro na mão de quem? Do Real Madrid, pra contratar o Kaká. Foi uma grande benção." Tem o vídeo no YouTube.
É, minha gente, agora o patrocínio vem de cima. Deve ser por isso que o Kaká aponta o céu quando faz gol. "Gracias, Señor!"
E ela ainda disse que "vamos estar podendo abrir uma igreja lá",(salve o gerúndio!). Talvez seja para garantir a grana até o fim do contrato.
Se a moda pega por aqui, fundam a igreja "Sara nosso Time".
Imaginem quantos presidentes de clubes não se ajoelhariam diante Dele pedindo uma mãozinha... no bolso.
Aí, quem sabe, o Palmeiras não precisaria mais fazer festa com seus torcedores ilustres para "angariar fundos", e nem perderíamos tantos bons jogadores para o futebol estrangeiro.
Tudo por conta do bendito, Bendito mesmo, dinheirinho do Céu.

Olha, às vezes penso que já li, vi e ouvi de tudo, mas sempre me surpreendo com a capacidade do ser humano de ser tão estúpido.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Eu queria ter uma bomba

(Cazuza)

Solidão a dois, de dia
Faz calor, depois faz frio
Você diz "já foi" e eu concordo contigo
Você sai de perto, eu penso em suicídio
Mas no fundo eu nem ligo
Você sempre volta com as mesmas notícias

Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder me livrar
Do prático efeito
Das tuas frases de efeito
Das tuas frases feitas
Das tuas noites perfeitas

Solidão a dois, de dia
Faz calor, depois faz frio
Você diz "já foi" e eu concordo contigo
Você sai de perto eu penso em homicídio
Mas no fundo eu nem ligo
Você sempre volta com as mesmas notícias

Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder te negar
Bem no último instante
Meu mundo que você não vê
Meu mundo que você não crê

Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder te negar
Bem no último instante

Mas já vai? Fica mais... por favor!!!!

Pois é. Depois de mensalões, dinheiro na cueca, Palocci e o churrasqueiro, dossiês, vêm aí os atos secretos.
663, certo? Número da sorte, já que é 51 vezes o famoso 13. E 51 é o n° da branca ardente.
E ainda vem a filha querida, Roseana, e diz que o pai nunca foi apegado a cargos. Ah, tá bom. E o cargo de coronel do Maranhão?

Mas mais bonita ainda é a foto do Lula aos abraços e sorrisos com o Collor. Decerto o passado já está no lixo e será deportado junto dos containeres que recebemos com simpáticos dejetos ingleses. Pois agora também somos depósito de lixo do dito Primeiro Mundo.
E quem também será deportada, mas por falta de uso, é a ética. Conhece? Ouviu falar, né? Então, se perder tempo não conseguirá nem se apresentar a ela, porque está de partida, mesmo, bem apertada no meio de toda aquela porcaria fedida e importada.

Admito uma falta minha: meu interesse por política é limitado. Mas o pouco que sei e acompanho, ultimamente só tem valido para ter certeza do que não quero para a minha vida: hipocrisia e apego a cargos.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Pens a mente

súbito a mente
mente
mesmo que tente
ser veemente
dificilmente
ser simplesmente
subitamente

quarta-feira, 15 de julho de 2009

$$, $$$

Mais uma vez Michael por aqui.
Fiquei espantada com a transformação de seu velório-enterro em um mega evento.
Se estivesse vivo, entenderia o propósito, já que para ele não caberiam menos holofotes. Mas, por Deus!, ele está morto!!
Não sei o que aquelas pessoas esperavam ver ali. O 'moonwalk' em cima do caixão?
Num ato muito pequeno, mas simbólico para mim, me recusei a assistir tal episódio derradeiro de uma vida conturbada que finalmente ganhara descanso merecido- o que devia ter acontecido enquanto ele ainda habitava este mundo cão.
Explorar a imagem de duas crianças que amavam o pai como ele era. Torná-los alvo de todo tipo sujo de especulação.
Falta de respeito.
E seu pai? Que agora cobra muitos mil dólares por uma entrevista, para bancar o santo protetor de seus filhos.
Falta de moral.
Tudo muito absurdo.
Eu, de coração, espero que, num último ato de esmero por parte de sua família, o 'velório-show' tenha sido também simbólico, só para aplacar a fúria dos fãs. Espero que, num feito heróico para preservá-lo, já o haviam enterrado. Já estava tranquilo nalgum lugar.
Seu trono já o estava esperando onde agora, de longe, irá reinar.

Long live the king!

Retrocesso

Diferença abismal:
povo e coronel.
A capitania hereditária
é logo ali.
Num pedaço do Brasil
encostado no estado de Belém.
A eles não cabe
um quinhão do seu vintém.
Ali, o donatário
lhe cedeu o latifúndio.
Nos vê como otários
escondendo tudo nos fundos.
Mas a verdade vem à tona.
Mesmo que só parte dela,
já é um começo.
Neste grande jogo de trapaças
honestidade vira ameaça.
"Todos têm um preço".
Mas ainda podemos acreditar
que a democracia, essa quimera
irá vigorar,
dará fim aos coronéis.
O avanço do Brasil
enfim, sairá dos papéis.
Se tornará realidade
para um povo
que só espera a verdade,
respeito de novo.

Indignação

Como esperar clareza?
São todos estúpidos
corruptos
toupeiras herdeiras
de burros poderes
se ocupam dos seus prazeres
se mostram santos
mas são todos dignos
de espanto
desgosto, asco
nojo
profundo poço
da indescência, da falta da vergonha.
O país de ignorantes
espera por velhos novos governantes
menos ridículos
para o novo velho circo.
E o grande espetáculo não tem fim.
"Brasil, mostra a tua cara"
já não há tempo
"pra gente ficar assim."

Dura dor

ditador
dita a dor
da tortura
dura a dor
em quem sofreu
e não morreu
na lembrança
dura a dor
da tortura
ditador
dita a dor
da ditadura.

Visão

Vi um macaco, um macaquinho
no flamboyant pelado do vizinho.
Paralisei.
Quem diria que eu um dia veria
tão de pertinho, o macaquinho?
Vejo sempre joão-de-barro manso,
catando bichinho na grama do jardim,
o beija-flor tomando banho
no esguicho da mangueira
e o pica-pau que vem bicar, aqui do lado,
o tronco da paineira.
Mas o macaquinho me encantou.
Não deu tempo para a foto,
só a memória retratou.
No baú de lembranças doces vai ficar:
Uma manhã de terça-feira,
lavando no tanque meu all-star,
dou com um macaquinho
livre, livre, livre a saltar
no flamboyant do vizinho.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Aos céus, mais um presente

Não quero deixar a morte de um rei passar em brancas nuvens.

Rei do pop, rei na venda de discos, isso não importa. Michael foi majestoso em toda sua carreira. A cada nova coreografia, a cada clipe, a cada nota cantada com a voz mais linda que já se ouviu, sempre se mostrou inigualável.

Também não vou aqui fazer comparações a outros reis, nem dizer que ainda podem surgir outros iguais ou melhores, como fez Alexandre Pires no afã de demonstrar seu sentimento por Michael, após uma apresentação de pouca qualidade no Domingão 'Cansadão': "Como Elvis temos aí o Altemar Dutra, Agnaldo Timóteo, o Emílio Santiago, mas como Michael, ninguém!". Creio que as palavras não foram exatamente estas, mas os nomes que citou foram estes mesmos. De Agnaldo Timóteo não sou admiradora, mas de Altemar Dutra e Emílio Santiago sou grande fã e os considero donos de vozes e talentos extraordinários. Mas compará-los a Elvis Presley? Talvez fosse melhor ter ficado quieto ou se ater apenas ao fato de que Michael é único, insubstituível. Assim como Altemar, Emílio, Elvis, Sinatra, Cartola, Miltinho, Ray Charles. Minha lista iria longe demais, se fosse enumerar os nomes que considero também insubstituíveis na música.

Enfim, quero deixar registrado neste espaço a minha profunda admiração pelo artista incrível que Michael Jackson foi. Igual a ele, jamais. Melhor, impossível!

Gênio, gênio, gênio!

Também saiu da vida e entrou para a História.

Salve Michael!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

(Sem título)

E se realmente tudo findou
Como ando crendo sem querer
Com meu pequeno orgulho
Mas com toda certeza, devo dizer
Pode crer
Quem vai perder mais
Por tudo
Vai ser você.

Silêncio

Sem se dar conta do que significa pra mim
Não sei, mas quis sair da minha vida
De repente ficou assim:
Um telefone mudo
Um coração chorando

Me pus a praguejar, blasfemar
Maldizer o que fiz, o que falei
Cada passo que dei
Tudo
Não sei

Se queria sair da minha vida
Era só dizer
Se não queria
Sei que nada mudaria
Como até agora não mudou
O choro ainda não estancou
O telefone não tocou.

Tenho tentado sentir menos
Tenho pedido a mim tempo
Não quero ficar ao relento
Relembrando os dias
As noites frias
Nosso calor

Sem mais, quis sair da minha vida
Sem menos, não conseguiu
Mas se não queria
Digo que tudo reconsideraria
Curava o amor que feriu
E mais e mais ainda amaria.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Dias depois do meu aniversário

Na minha memória
uma manhã de Abril
12, dia par
companhia ímpar
Hyldon, "As dores do mundo"
me senti dona de tudo
e sabia que não era o fim
à noite, tudo de novo, perfeito assim.

Delícia

sem amargura
minha melhor rapadura
delícia, foi você

Chocolate

Estou tentando não ser tão relapsa
Não te esquecer num instante
Antes que os sentidos entrem em colapso
Inda lembro de relance

Aquela noite de filme
Na minha regata amarela
Com chocolate se deu o crime
Uma mancha ficou nela

Lavar não adiantou
E mais que na regata
Na memória o chocolate fixou
O nó que o tempo não desata

Nenhum retrato tiramos
"Nós dois" só existe na lembrança
Esses últimos dois anos
São o que levo de herança

Desse meu amor maluco
O que sobra sou eu e você
Um longe do outro machuca
Agora, o que vai ser?

Você está em mim feito chancela
Não quero esquecer seus "ais"
Mas a regata amarela
Não quero mais.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Hai-Kai

olhos cheios de chuva
dia nublado
garoa, tempestade

Suave coisa nenhuma

Há tempos quero escrever sobre o Amor, mas sempre que começava, desistia por achar o tema tão complexo quanto a minha relação com o próprio e com o sexo oposto.
Depois de pensar muito se acreditava ou não, se já o havia sentido ou pelo menos passado por ele na rua - talvez na forma de alguém como o... Wagner Moura ou o Bruno Garcia - resolvi me informar mais e reavaliar velhos conceitos.
Procurava uma nova reflexão, alguém que me explicasse com propriedade.
Incumbi-me de ler "O Banquete", Platão, no qual Sócrates faz um belíssimo discurso sobre o Amor, nos fazendo crer que este nada mais é que uma necessidade. Necessidade do que não nos pertence. Claro, pensando logicamente, porque o que já temos, não precisamos nem desejamos. Usando uma explicação do próprio Sócrates, posso tentar resumir a idéia principal do que ele diz. Creio eu que já somos ensinados, desde sempre, que o Amor só há naquilo que é bom e belo, certo? Então, segundo ele, se o Amor precisa do bom e do belo para existir, significa que não os tem. O que quero dizer é que passamos toda a nossa vida procurando em outra pessoa aquilo que nos falta, o que achamos que irá nos completar. E isso, além de nunca ter fim, ainda me dá nó nos pensamentos.
Mas depois de reler muitas vezes o que Sócrates falou, voltei algumas páginas e cheguei a Aristófanes. Em seu discurso, super bem-humorado, ele diz que nós, seres humanos, tínhamos quatro braços, quatro pernas, dois rostos, dois sexos. E quando estes seres voltaram-se contra os deuses, Zeus os castigou cortando-os ao meio e fazendo de um, dois. Desde então, nos foi imposta a condição de procurarmos nossa outra metade por todo o sempre. E se esta morre ou se perde nós, procuramos outra e outra e outra.
Ainda preciso ler, estudar muito e, principalmente, viver para chegar a uma conclusão. Mas por enquanto gosto de acreditar que o que procuramos, o que desejamos, não é necessariamente nossa metade. Talvez seja a companhia para um oitavo da pizza do sábado à noite, um terço do saco de pipoca, ou até a metade, vai... mas do sofá, quando deitamos juntos pra ver um filme antes de dormir.
E se até Afrodite, deusa poderosa, teve inúmeros amores, inúmeras metades... por quê não nós?
O test-drive serve pra quê?



Em verdade vos digo: Não exijo um George Clooney, mas um frio na barriga...

Hai-Kai

luz fluorescente
no quarto claro
penso fluente

Lembrança da Rua

Solidão na Rua
Rua Augusta
Cinema, café
Alma nua
Vida crua
Sozinha, cai na dança
Passa hora
Vem hora
Passa senhora
Vem pra dança
Cai no samba
Mulher da rua
Que fica nua
Tem vida crua
Cinema, café
Passa hora
Carro e senhora
Sozinha, sozinha
Nem conhece a vizinha
Só a Rua
Cinema, café
E fica nua
Na vida sua
Sua alma crua
Espera na rua
Na rua crua
Nua.

Meu quintal

Flor-de-maio em junho
Onze-horas ao meio-dia
Manacá florido todo o tempo
O caju resiste, brota
O flamboyant desfolha

Umas temporonas
Outras no seu tempo
Mas todas têm seu momento
De florescer
E eu espero paciente
Meu grande dia amanhecer.

No espelho

Difícil explicar
por que quando deságuo
custa parar
tendo dentro dos olhos
a angústia de ser
simplesmente ser.
E por que quando desfolho
custa brotar
tendo dentro do peito
medo de recomeçar.

Auto - relato

Gabriela
À procura dela
Lá vai ela
Vai na contra-mão
Com a Santa dela
Cecília bela
E São Francisco vai com ela
À procura dela
Lá vai ela
Vai com Clara e Cartola
Ogum, Nossa Senhora
E chora, como chora
Anda à cavalo e a pé
Vai aprender umbanda e candomblé
Sempre com tempo pro café
Acende incenso
Flor de laranjeira
Às vezes perde o bom senso
Pega carona na rabeira
Vai e vem como onda
Mas sempre sonda
A Gabriela
Vai à procura dela
Vai de busão e metrô
De São Paulo a Batatais
Seu cais
Tem pai, mãe
Irmão, irmã
Sobrinho, cachorro
Vida de peixe
Mergulhada em sonho
Mas olha lá
Na contra-mão
Ela mais ela
À procura dela
Da Gabriela.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Vão

Sem minha permissão
o tempo passa
você não.
Nosso ponto de encontro
mais que passado.
E este passado fica
tão presente
quando (te) quero
ausente.
Esquecer, impossível
tudo é fato
crível.
Fácil ver em mim
um pedaço seu.
Duro aceitar
que nunca foi meu.

Hai-Kai

um nó
angústia
sem dó

Dias depois do seu aniversário

Um dia um ponto
Sua rua uma subida
Cansaço
Um abraço uma bebida
Mil beijos um sonho
Sono
Um bom-dia uma descida.
Outro dia mesmo ponto
Mesma subida sem abraço
Só cansaço
Rua sem saída?
Não, sua ausência
Eu, perdida.